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Afoxé Omo Inã no Encontro dos Afoxés. Foto:: Samuel Calado

OS AFOXÉS NO CARNAVAL

 

Ir ao comércio da cidade, retorna para o mutirão na sede do grupo, ver que faltou material e volta para a feira novamente. O mercado de São José e as lojas do seu entorno, localizados no centro do Recife são os lugares mais frequentados pelos integrantes dos afoxés nos meses que antecedem o carnaval. Quem vê os grupos se apresentando nos palcos não imagina a correria para tudo ficar impecável. É um brilho aqui, uma miçanga ali, passa cola e costura. Monta, desmonta e remonta. Enquanto isso, os ensaios acontecem a todo vapor nas esquinas próximas à sede. O presidente do Afoxé Obá Iroko, do bairro de Água Fria, na Zona Norte do Recife, desabafa que “é bastante trabalhoso o processo de produção, porém nada se compara a emoção de ver o grupo nas ruas”.

Participantes do Afoxé Omo Inã confeccionando o figurino. Foto: Reprodução/Facebook

Semanas antes das festividades de momo existe outra luta: a da burocracia. Para participarem do processo de convocatória e se apresentarem nos pólos durante as festividades, as entidades culturais precisam enviar às secretarias das prefeituras diversas documentações atualizadas para serem consideradas ‘habilitadas’ e poderem concorrer à grade de apresentações. Sabendo da dificuldade, o presidente do Omo Inã, Anderson Delaveiga, sempre programa as férias do trabalho entre os meses de janeiro e fevereiro. Além do afoxé, o rapaz de apenas 25 anos também preside o Maracatu Encanto da Alegria, vencedor do concurso de agremiações da Prefeitura do Recife de 2018. Então já viu né? Correria para todos os lados! “A gente se esforça para levar às ruas um grupo organizado, afinal, estamos representando um terreiro, um orixá e uma comunidade”, relata.

Bailarinos Jefferson Belarmino e Carol Silva ao lado do presidente Anderson Santos. Foto: Samuel Calado

As entidades culturais se viram como podem. Algumas conseguem parcerias com empresas que dão descontos, outras conversam com os integrantes para contribuírem de alguma forma e há aquelas que vendo a dificuldade financeira de seus participantes realizam ações durante o ano para não precisarem cobrar pelos figurinos. No Afoxé Filhos de Dandalunda, o presidente e zelador Pai Moacir de Angola conta que não há cobrança financeira de figurino, logo, ele é oferecido gratuitamente aos integrantes do grupo. “É injusto cobrar de uma pessoa que prioriza o ano inteiro o nosso grupo. Aqueles que tiram de onde não tem para irem aos ensaios todas as semanas. O figurino, o transporte e alimentação gratuitos durante o carnaval são formas de agradecer a essas pessoas por estarem conosco na resistência e na militância”.    

Pai Moacir de Angola, presidente do Afoxé Filhos de Dandalunda. Foto: Samuel Calado

Após a pré-produção e produção é chegado o grande momento: o carnaval. Mas antes, na tarde da quinta-feira que antecede a festividade acontece a Lavagem dos Afoxés, na Avenida Rio Branco, no Recife Antigo. Todos os grupos se reúnem no início da rua e saem em cortejo até a Praça do Marco Zero, entoando cânticos de saudação aos orixás e pedindo paz para todos no carnaval. 

Lavagem dos Afoxés. na Av. Rio Branco, Recife Antigo. Foto:: Prefeitura do Recife. 

Outro momento importante já acontece durante as festividades carnavalescas, especificamente na noite do domingo no Pátio do Terço, localizado no Bairro de São José, no Centro do Recife, onde cada grupo se apresenta em um palco instalado em frente à Igreja do Terço. O espaço é destinado às apresentações de grupos de cultura negra, entre eles, samba reggae, maracatu e bloco afro. Considerada a noite do Encontro dos Afoxés, neste momento, os participantes esquecem de todas dificuldades e desfilam com o sorriso no rosto para uma multidão de apreciadores. 

Outro momento importante já acontece durante as festividades carnavalescas, especificamente na noite do domingo no Pátio do Terço, localizado no Bairro de São José, no Centro do Recife, onde cada grupo se apresenta em um palco instalado em frente à Igreja do Terço. O espaço é destinado às apresentações de grupos de cultura negra, entre eles, samba reggae, maracatu e bloco afro. 

Considerada a noite do Encontro dos Afoxés, neste momento, os participantes esquecem de todas dificuldades e desfilam com o sorriso no rosto para uma multidão de apreciadores. O evento geralmente acontece às 20h do domingo e termina no amanhecer da segunda-feira. A ordem das apresentações respeita uma hierarquia de idade dos afoxés. Enquanto o Alafin, que tem mais de trinta anos desfila logo cedo, o Ará Omim, de 4 anos aguarda até a madrugada para se apresentar. Porém, o tempo que aguardam utilizam para prestigiar as outras comunidades e reencontrar os grandes amigos do movimento. Mas além do Recife, eles se apresentam também em polos em outras cidades, dentro e fora do estado.

Afoxé Alafin Oyó no Encontro dos Afoxés de 2018. Vídeo: Reprodução/Youtube

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